Tecidos do próprio animal mantêm seus restos em um tipo de sabão natural.
Fenômeno acontece no sítio paleontológico de Messel, patrimônio mundial.
Cientistas descobriram que a substância gordurosa na qual se transformam tecidos de animais mortos (adipocira) é a causa da boa conversão dos esqueletos animais do sítio paleontológico de Messel, no sul da Alemanha, anunciou nesta quarta-feira Instituto de Pesquisa Senckenberg de Frankfurt.
Segundo os analistas, as bactérias responsáveis pela deterioração dos tecidos animais não eram rápidas suficientes para decompor a camada de gordura dos animais mortos, explicou o instituto.
Desta maneira, os animais pré-históricos de Messel, considerado patrimônio natural mundial, passaram de um estado de saponificação (textura semelhante a um sabão) para fóssil duro sem se decompor e se conservam até hoje em bom estado.
Fóssil
do gênero 'Propalaeotherium', ancestral do cavalo, encontrado na região
de Messel (Foto: Instituto Senckenberg/Divulgação)
Em Messel, no entanto, a situação é diferente, pois os ossos dos animais pré-históricos do local estão dispostos exatamente como eram.
"Durante décadas, a razão pela qual os esqueletos não se deterioraram representava um enigma sem resposta", declarou Krister Smith, do departamento de Senckenberg para investigação de Messel.
Para resolver o enigma, o cientista analisou junto ao paleontólogo Michael Wuttke um lagarto (Geiseltaliellus maarius) muito bem conservado.
Após a morte do animal pré-histórico, o cadáver foi depositado no fundo do lago Messel, onde geralmente os microorganismos presentes na água decompõem qualquer corpo orgânico e só os ossos permanecem.
No entanto, "a água do fundo de lago carecia de oxigênio", o que durante um período prolongado freou a decomposição do tecido brando, indicou Michael Wuttke.
"Nestas condições, as bactérias não são capazes de dissolver em sua totalidade a gordura dos cadáveres", explicou o paleontólogo.
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