quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Substância gordurosa conserva fósseis na Alemanha, diz estudo

Tecidos do próprio animal mantêm seus restos em um tipo de sabão natural.
Fenômeno acontece no sítio paleontológico de Messel, patrimônio mundial.



Cientistas descobriram que a substância gordurosa na qual se transformam tecidos de animais mortos (adipocira) é a causa da boa conversão dos esqueletos animais do sítio paleontológico de Messel, no sul da Alemanha, anunciou nesta quarta-feira Instituto de Pesquisa Senckenberg de Frankfurt.
Segundo os analistas, as bactérias responsáveis pela deterioração dos tecidos animais não eram rápidas suficientes para decompor a camada de gordura dos animais mortos, explicou o instituto.
Desta maneira, os animais pré-históricos de Messel, considerado patrimônio natural mundial, passaram de um estado de saponificação (textura semelhante a um sabão) para fóssil duro sem se decompor e se conservam até hoje em bom estado.

Fóssil do gênero 'Propalaeotherium', ancestral do cavalo, encontrado na região de Messel (Foto: Instituto Senckenberg/Divulgação) 
Fóssil do gênero 'Propalaeotherium', ancestral do cavalo, encontrado na região de Messel (Foto: Instituto Senckenberg/Divulgação)
 
"Os esqueletos de fósseis vertebrados se conservam geralmente como uma coleção de ossos dispersos de forma caótica", afirmou o instituto.
Em Messel, no entanto, a situação é diferente, pois os ossos dos animais pré-históricos do local estão dispostos exatamente como eram.
"Durante décadas, a razão pela qual os esqueletos não se deterioraram representava um enigma sem resposta", declarou Krister Smith, do departamento de Senckenberg para investigação de Messel.
Para resolver o enigma, o cientista analisou junto ao paleontólogo Michael Wuttke um lagarto (Geiseltaliellus maarius) muito bem conservado.
Após a morte do animal pré-histórico, o cadáver foi depositado no fundo do lago Messel, onde geralmente os microorganismos presentes na água decompõem qualquer corpo orgânico e só os ossos permanecem.
No entanto, "a água do fundo de lago carecia de oxigênio", o que durante um período prolongado freou a decomposição do tecido brando, indicou Michael Wuttke.
"Nestas condições, as bactérias não são capazes de dissolver em sua totalidade a gordura dos cadáveres", explicou o paleontólogo.

















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