sexta-feira, 12 de abril de 2013

Australopiteco une característica humana e de macaco, revela análise

'Science' traz seis artigos sobre o 'Australopithecus sediba'.
Fósseis de 2 milhões podem ser de ancestrais do homem.


Um conjunto de seis estudos que será publicado na edição impressa da revista "Science" nesta sexta-feira (11) analisa com aprofundamento inédito a anatomia e os possíveis hábitos que tinha oAustralopithecus sediba, uma espécie antiga de primata da qual foram encontrados fósseis de 2 milhões de anos em um sítio próximo a Joanesburgo, na África do Sul.
Os artigos, feitos por cientistas de 16 instituições internacionais, usando o esqueleto de um macho jovem, outro de uma fêmea jovem, e um osso encontrado separadamente, mostram que oAustralopithecus sediba é um "mosaico" de características humanas e de macaco, com pélvis, mãos e dentes parecidos com a do homem, e um pé similar ao do chimpanzé.
Os pesquisadores seguem não sabendo em que parte da árvore evolutiva essa espécie se encaixa exatamente. Ainda assim, os artigos da “Science” sugerem que os fosseis sul-africanos são importantes exemplares da evolução humana. De acordo com a revista, os estudos, vistos como um todo, mostram que o Australopithecus sediba é um possível ancestral do gênero homo, que inclui o homem moderno. Essa, no entanto, não é uma visão aceita por toda a comunidade científica.
Reconstituição do Australopithecus sediba (Foto: Divulgação/Lee Berger - cortesia da Universidade de Witwatersrand)
Reconstituição do esqueleto do Australopithecus sediba feito a partir de fósseis (Foto: Divulgação/ Lee Berger - Universidade de Witwatersrand)

A análise dos dentes dos esqueletos mostrou que os Australopithecus sediba têm características comuns aos humanos primitivos, com cinco cúspides (pontas) nos dentes molares. Já o estudo dos membros inferiores indica que eles tinham um jeito único de andar.
Seu calcanhar era pequeno, como o de um chimpanzé. A espécie muito provavelmente andava com os joelhos e quadris virados para dentro, com os pés levemente dobrados também. Essa forma de andar pode indicar que a espécie se encontrava numa fase intermediária entre a vida no chão e nas árvores. Aparentemente, o Australopithecus sediba tem uma anatomia mais arborícola que outros australopitecos.
A análise da caixa torácica mostrou que esse antigo primata tinha as costelas formando uma estrutura mais estreita, como a de macacos, diferente da humana, mais redonda e ampla.
Modelo reconstruído a partir dos fósseis sul-africanos mostra o tamanho do Australopithecus sediba (direita) ao lado de um esqueleto humano de porte relativamente pequeno (Foto: Divulgação/Lee Berger - cortesia da Universidade de Witwatersrand)
Modelo reconstruído a partir dos fósseis sul-africanos mostra o tamanho do Australopithecus sediba (direita) ao lado de um esqueleto humano de porte relativamente pequeno (Foto: Divulgação/Lee Berger - cortesia da Universidade de Witwatersrand)


Evidências pré-humanas



Fonte da imagem: Reprodução/The Verge



Descoberta acidental


Os ossos de A. sediba foram descobertos por acaso em 2008, em uma caverna na África do Sul. Desde então eles vêm sendo estudados, e os surpreendentes resultados devem compor o mais completo estudo de uma espécie pré-humana já realizado. Essas criaturas contavam com pouco mais de 1,2 metro de altura e cérebros pequenos que, apesar de parecidos aos dos primatas, apresentavam um formato e organização mais semelhante ao dos humanos.
Os paleontólogos admitem que as descobertas estão abertas a novas interpretações, posto que os registros fósseis continuam incompletos. Entretanto, eles também afirmam que as evidências encontradas fortemente sugerem que, se osA. sediba não forem os ancestrais diretos do gênero Homo sp., eles certamente foram um “parente” muito próximo desses ancestrais.

Fonte da imagem: Reprodução/Duke University


Controvérsias

Como era de se esperar, já existe uma avalanche de contestações com relação aos resultados da pesquisa, muitas alegando que os A. sediba seriam jovens demais para terem sido ancestrais dos humanos, citando a descoberta de fósseis — muito deteriorados e duvidosamente identificados — de Homo habilis com 2,3 milhões de anos.
E é justamente a falta de fósseis bem preservados de outras espécies que torna o trabalho de comparação entre as criaturas tão complicado. Isso faz com que o traçado do mapa evolutivo dos seres humanos continue incerto e, apesar de os A. sediba abrirem uma nova e gigantesca possibilidade, essa discussão seguirá envolta em uma densa nuvem de especulações.


Fonte da imagem: Reprodução/Duke University

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