domingo, 1 de setembro de 2013

Descobertas duas novas espécies de peixe elétrico na Amazônia

Animais ocorrem sob vegetação aquática de rios como o Solimões.
Os dois peixes são 'eletricamente fracos' e não representam riscos.


Cientistas brasileiros e americanos descobriram duas novas espécies de peixes elétricos na região central da Amazônia. A descrição de ambas foi publicada na quarta-feira (28) pela publicação científica "Zookeys".
Os animais, do gênero Brachyhypopomus, ocorrem em geral sob a vegetação flutuante nas águas da porção central da bacia Amazônica, principalmente ao longo das margens do rio Solimões e de afluentes, diz a pesquisa. Eles foram batizados com os nomes científicos de Brachyhypopomus walteri e Brachyhypopomus bennetti, diz o estudo.
Os peixes são classificados como "eletricamente fracos" e não representam riscos em comparação com um "parente", o chamado peixe poraquê (Electrophorus electricus), que chega a ter três metros de comprimento e realiza fortes descargas elétricas para defender-se ou capturar presas, aponta a pesquisa. Os animais recém-descobertos possivelmente utilizam descargas elétricas como forma de ajudar em sua movimentação noturna e na comunicação com outros espécimes, sugere o estudo.
Fêmea da espécie de peixe-elétrico 'Brachyhypopomus bennetti' (Foto: Divulgação/Inpa/'Zookeys')
Fêmea da espécie de peixe-elétrico descoberta 'Brachyhypopomus bennetti' (Foto: Divulgação/Inpa/Zookeys)

Hábitos noturnos
Animais parecidos com as novas espécies em geral têm hábitos noturnos.     O Brachyhypopomus walteri possui corpo semi-translúcido e com coloração amarela em vida, além de ter dentes pequenos no pré-maxilar (característica compartilhada com o outro peixe recém-descoberto). Já o Brachyhypopomus bennetti possui o órgão elétrico mais visível na lateral, em uma área semitransparente ocupando até 17% da altura do corpo, afirma a pesquisa. Ele também têm como característica a coloração amarela, às vezes em tom mais escuro que a outra espécie.
Os cientistas responsáveis pela descoberta são Jansen Zuanon, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Cristina Cox, do departamento de biologia da Universidade de  Massachusetts; e John Sullivan, do Museu de Vertebrados da Universidade de Cornell - as duas últimas nos EUA.
Peixes-elétricos da espécie 'Brachyhypopomus walteri' (Foto: Divulgação/Inpa/'Zookeys')
Peixes-elétricos da espécie 'Brachyhypopomus walteri' (Foto: Divulgação/Inpa/'Zookeys')

"As maiores diferenças entre as duas espécies, que são muito parecidas, têm a ver com os órgãos elétricos e as descargas criadas por eles", afirmou John Sullivan para o "Zookeys".
"Se não fosse por essas características, pensaríamos que se trata de uma só espécie. OBrachyhypopomus bennetti possui um órgão elétrico achatado, que produz uma descarga elétrica monofásica; já o peixe da outra espécie tem um órgão elétrico longo e fino, mais comum de ser visto, e produz um pulso elétrico bifásico", disse Sullivan para a publicação. Os cientistas também criaram um subgênero para as espécies, o Odontohypopomus. De acordo com a pesquisa, o subgênero caracteriza-se pela dentição pequena no pré-maxilar, além de outras características.

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