Cientistas não têm certeza de que vegetais sejam a origem do micróbio.
Organização diz que é cedo para saber se surto é passageiro.
"Este tipo de transmissão nos preocupa e, por esta razão, queremos que se reforcem as mensagens relativas à higiene pessoal", declarou a epidemiologista da OMS, Andrea Ellis.
A especialista assinalou que por enquanto todos os casos "estão relacionados com o norte da Alemanha", de modo que se acredita que a exposição à bactéria esteja "limitada a essa área".
Sobre as vias de transmissão, explicou que o contágio "pode ocorrer sem uma higiene adequada", por isso que uma medida de prevenção eficaz é lavar bem as mãos após ir ao banheiro e antes de tocar nos alimentos.
Helmut Fickenscher, diretor da Clínica Universitária de Schleswig-Holstein, em Kiel, Alemanha, mostra placas com colônias da bactéria 'E. coli' (Foto: Bodo Marks / AFP Photo)
As análises de laboratório não permitem dizer que os legumes tenham originado o surto epidêmico da bactéria mortal, indicou nesta sexta-feira um laboratório de referência europeu com sede no Instituto Superior da Saúde (ISS), em Roma.
"O alarmismo relacionado ao consumo de legumes é injustificado (...) porque os exames de laboratório não permitiram sustentar a hipótese de que os legumes contaminados são a origem do surto", indica em um comunicado o Centro Europeu para o Meio Ambiente e a Saúde (Eceh, na sigla em inglês).
"As análises realizadas nas amostras de pepinos suspeitos (...) esclareceram definitivamente que não estavam contaminados" pela bactéria, segundo a mesma fonte. "As normas de higiene habituais relativas à segurança alimentar são suficientes para evitar as infecções", acrescentou o laboratório.
A bactéria mortal já deixou 19 mortos na Europa e provocou tensões comerciais dentro e fora da UE, mas sua propagação parecia ter se estabilizado nesta sexta-feira, de acordo com médicos alemães.
Mortalidade
O norte da Alemanha concentra 95% dos casos: 1.213 de E. coli Enterohemorrágica (EHEC), dos quais seis foram mortais; e 520 da Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), com 11 mortes.
O número de doentes em um total de 12 países aumentou para 1.823, dos quais 18 morreram.
O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias, com a maioria de pacientes que se recuperam em 10 dias, mas em uma pequena parte dos pacientes -principalmente crianças e idosos -- a infecção pode levar ao SUH, uma doença grave que se caracteriza por causar insuficiência renal aguda.
Uma vez que aparece o SUH surge a doença em toda sua gravidade, com um risco de mortalidade entre 3% e 5%, segundo dados da OMS.
O SUH é a causa mais comum de insuficiência renal grave em crianças e pode causar complicações neurológicas até 25% de pacientes e deixar sequelas.
Em entrevista coletiva, Andrea Ellis mencionou que um aspecto incomum deste surto é o grande número de casos de SUH e também o fato de que os adultos sejam os mais afetados, quando normalmente não é o grupo de maior risco.
Além disso, comentou que o maior impacto está entre as mulheres por supostamente tenderem a consumir mais vegetais crus em saladas, e acredita-se que é ali onde está a origem da bactéria. Contudo, ela confirmou que não há certeza quando à origem da bactéria
"O mais provável é que neste caso o modo de transmissão seja através dos alimentos, mas não sabemos qual. E isto também não significa que não possa ser outra coisa", enfatizou, após explicar que a água, o contato com animais ou com pessoas infectadas também são outros modos conhecidos de transmissão.
De outro lado, precisou que a variante da bactéria letal que circula na Alemanha tinha sido vista já no ser humano, mas sempre de maneira esporádica e nunca em situações de epidemia.
Sobre o tratamento, indicou que a OMS desaconselha a administração de antidiarréicos e antibióticos "porque podem piorar a situação", embora "pode surgir casos particulares que os usem".
Entre as razões, acrescentou, está o fato de que os antidiarréicos desaceleram o trânsito intestinal, o que faz com que o risco de absorção da toxina liberada pelo E. coli seja maior. Questionada se este surto epidêmico é passageiro, Ellis respondeu que "é muito cedo para afirmar".
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