Macacos conseguem diferenciar palavras de letras sem sentido.
Pesquisa indica que mecanismos do cérebro existiam antes da escrita.
Cientistas franceses conseguiram ensinar a babuínos elementos básicos da leitura em um estudo publicado nesta quinta-feira (12) pela revista “Science”. Os macacos aprenderam a diferenciar sequências de letras que representavam palavras da língua inglesa de outras que não fariam sentido.
Os pesquisadores cadastraram várias sequências de quatro letras – algumas eram palavras e outras não – em um programa de computador. Na tela, os babuínos deveriam indicar se o que estavam vendo correspondia ou não a uma palavra. Quando acertavam, eram recompensados com um alimento.
Depois de um mês e meio, os seis animais usados no experimento conseguiam identificar quais eram as palavras de verdade. Em média, eles tiveram cerca de 75% de acerto, e um deles conseguiu marcar 90%.
O autor Jonathan Grainger, da Universidade Aix-Marseille, na França, explicou que os macacos aprenderam “propriedades estatísticas que distinguem palavras de não palavras”. Essas propriedades são, por exemplo, encontros consonantais mais comuns, como “pr”, ou raros, como “dl”.
Até agora, os cientistas acreditavam que a capacidade de reconhecer palavras escritas com um alfabeto só seria possível com o domínio da linguagem. Com a descoberta, esta concepção pode ser alterada.
“Os resultados sugerem que os mecanismos biológicos básicos necessários para a leitura têm raízes evolucionárias mais profundas do que qualquer um poderia imaginar”, afirmou Michael Platt, da Universidade Duke, dos EUA, um dos autores de uma análise também publicada pela “Science”.
Em outras palavras, embora a escrita só tenha sido inventada com a civilização, o cérebro humano já tinha a capacidade necessária para ler desde muito antes.
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