Cinco pacientes foram escolhidos para receber o aparelho.
Operação dá sobrevida a quem espera por transplante e não é definitiva.
Um novo modelo de coração artificial feito no Brasil recebeu autorização para ser testado em humanos. Cinco pacientes já foram escolhidos para receber o aparelho, que foi desenvolvido no Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo. As cirurgias serão feitas no próprio hospital, que é uma unidade da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.
Os pacientes indicados para a operação têm insuficiência cardíaca aguda ou descompensada e já não respondem bem aos medicamentos, mas devem estar em condições clínicas e psicossociais aceitáveis. A operação é contraindicada para pessoas com mais de 65 anos ou menos de 40 kg, por exemplo.
O “coração artificial auxiliar” tem duas câmeras de bombeamento e quatro válvulas e é o primeiro a ser feito com esta concepção no Brasil, segundo o engenheiro médico Aron José Pazin de Andrade, responsável pelo projeto. Ao contrário de alguns modelos disponíveis, este aparelho não serve para substituí-lo.
O objetivo do aparelho é dar uma sobrevida aos pacientes que estão na fila para um transplante. Pessoas que poderiam morrer em semanas viveram mais tempo, provavelmente o suficiente para receber um novo coração.
O aparelho fica acoplado ao coração, logo abaixo dele, e ajuda a bombear o sangue para o corpo. Para isto, ele precisa de energia elétrica, que é fornecida por uma bateria presa na cintura do paciente. A bateria dura apenas duas horas. No restante do tempo, é possível ligar esta bateria na tomada.
Durante a fase de testes, os pacientes ficarão o tempo todo em monitoração no hospital e não terão alta enquanto não ocorrer o transplante. No futuro, porém, a ideia é que a bateria funcione para dar liberdade aos pacientes.
O coração artificial desenvolvido no Brasil obteve bons resultados nas experiências com animais de grande porte, como bois e cavalos. A licença para os testes em humanos foi cedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Inicialmente, os testes serão feitos com estes cinco pacientes já selecionados. Ao fim do tratamento, o coração artificial será avaliado e, se aprovado, poderá ser usado em outros cinco pacientes. Se aprovado nas duas baterias de testes, o aparelho será liberado.
O custo estimado do coração artificial fica entre R$ 60 mil e R$ 100 mil. Os aparelhos importados, desenvolvidos por empresas privadas, chegam a US$ 300 mil (quase R$ 550 mil).
Além do Dante Pazzanese, o Hospital do Coração (HCor), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Saúde colaboraram na pesquisa.
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